A VERDADEIRA INTERPRETAÇÃO DO QUINTO MANDAMENTO E O CATECISMO MAIOR DE MARTINHO LUTERO NÃO É AQUELA QUE A SRA LUSMARINA INVENTOU PARA DEFENDER O ABORTO.

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Dt. 5 v.17: Não mate (ou Não matarás)

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1. Lutero começa a explicação do quinto mandamento informando que o quatro mandamento encerra o ciclo de mandamentos que dizem respeito ao governo espiritual (Deus) e o civil, aí incluído a autoridade paterna e que a partir do quinto mandamento se inicia o ciclo de mandamentos que dizem respeito à nossa conivência com os vizinhos, com nosso próximo, não abrangendo Deus e as autoridades.Como o Catecismo foi escrito em 1529, época onde a leitura da Bíblia era feita de maneira ortodoxa (as primeiras leituras interpretativas começam em 1534, após a publicação da tradução da Bíblia em alemão), Lutero faz uma leitura literal dos textos do Velho Testamento, ainda sem a leitura crítica com a visão cristocêntrica e, baseado em Dt. 20 10 a 18 e Dt.21 v. 18 ss, conclui que esse mandamento não se aplica a Deus e às autoridades, que podem sim matar sem transgredi-lo.(ler o texto).Nenhum desses ensinamentos foi confirmado por Jesus, muito pelo contrário, e nem pelos seus discípulos e apóstolos (seus escritos foram feitos após o recebimento do Espírito Santo para que tivessem compreensão real da lei de Deus na visão do entendimento ensinado por Jesus, verdadeiro Deus, feito homem, no qual não há nenhum pecado ou mentira:1ª. Pedro 2 v.21b e 22).

2. Lutero se baseia em Mateus 5 v 21 a 25 para afirmar que o “próprio Cristo interpreta esse mandamento com um apanhado geral no sentido de que não se deve matar nem com a mão, nem com o coração, nem com a boca, nem em sinais e gestos, tampouco quando está ajudando e aconselhando. Por isso todos estão proibidos de se enfurecer, com exceção, como disse, dos que representam Deus, ou seja, pais e autoridades.”E porque Jesus teria feito essa interpretação (uma inclusão do verdadeiro significado do Não Matarás)? Porque os humanos precisam viver entre muitas pessoas que prejudicam umas às outras (causa: pecado original que introduziu a maldade no coração dos seres humanos) e isso muitas vezes nos tiram do sério e nos faz agir de forma hostil com o próximo. Muitas vezes somos nós que provocamos essa hostilidade, seja por querermos impor nosso ponto de vista ao outro, não aceitar as diferentes opiniões, formas de viver, pensar, etc.Essas divergências podem nos levar ao desejo de eliminar o oponente e, não poucas vezes, concretizar assassinatos.

3. Ao nos dar esse ensinamento, Deus, na pessoa física de Jesus, “se antecipa como Pai amável, coloca-se no meio com a intenção de separar a briga, para que não gere desgraça e um não arruíne o outro. Em síntese, assim ele quer proteger, libertar, e levar paz a todos, guardando da maldade e violência de todos, estabelecendo esse mandamento como muralha, fortaleza e guarida em torno do próximo, para que ninguém lhe cause ferimento ou dano físico. Esse mandamento preceitua então, que NINGUÉM prejudique a ninguém por causa de alguma malvadeza, mesmo que a pessoa o mereça, e muito”.

4. O homicídio é proibido, é proibido também toda e qualquer causa que possa levar ao homicídio. Pois há quem, mesmo não matando, profere maldição e deseja que o infrator não escape da punição.Como isso faz parte da natureza humana  e ninguém quer sofrer por causa do outro, Deus quer eliminar a raiz das amarguras contra o próximo, acostumando-nos a que sempre tenhamos esse mandamento diante dos olhos e nele nos espelhemos, que consideremos a vontade de Deus e entreguemos a ele a injustiça sofrida , em confiança sincera, invocando seu nome , deixando os outros na sua fúria incontida”.Devemos aprender a controle próprio , conter a ira e ter um coração paciente e meigo, procurando interpretar tudo da melhor maneira.

5. A vingança, o fazer justiça aos outros fica restrita a Deus e às autoridades por ele instituídas, no caso atual, aos juízes legalmente empossados da função de julgadores. Não havendo outro caminho para a solução de um problema com nosso próximo, seja ele pessoa física ou jurídica, só nos resta então recorrer ao juiz ou entregar a causa a Deus, se essa for a melhor maneira de controlar a nossa ira ou de buscar reparação para um dano que nos foi causado por terceiros. Mas mesmo no caso do recurso à justiça Jesus (Deus feito homem) nos faz uma recomendação ao explicar esse mandamento conforme registrado em MT. 5 v.25 e 26 (ler), ou seja, sempre será um recurso extremo uma pendenga judicial, pois o resultado do julgamento pode nos ser desfavorável e aí teremos que pagar caro por isso.

6. O que significa realmente a expressão “Não matar”, segundo Lutero? São muitas as formas de matar sem que isso signifique um homicídio de forma literal. Vejamos:Em primeiro lugar, não se deve machucar, fisicamente, ninguém com as próprias mãos.Não se deve machucar ninguém moralmente com ofensas nem usar a língua para falar ou contribuir  nesse sentido, nem utilizando ou aprovando qualquer outro meio para tanto.Corpo e alma devem ser inocentes em relação a todos, principalmente em relação àquela pessoa que nos deseje ou faça o mal.(interpretar tudo da melhor maneira, não retribuir mal com mal). Buscar demonstrar amor e benefício para nossos inimigos (muito diferente do que preceitua Moises no Velho Testamento com relação aos inimigos dos israelitas).

7. Mas o que mais pode significar MATAR sem que isso signifique um homicídio na forma literal? Surpreende o texto de Lutero: ”Transgride este mandamento também quem pode fazer o bem ao próximo –antecipando-se, impedindo,protegendo e intervindo para que não sofra dano físico- e deixa de fazê-lo.Quando você manda embora uma pessoa que não tem o que vestir,quando pode vesti-la, você a deixou passar frio.Se você vê uma pessoa passar fome e não a alimenta, você a deixa morrer de fome.Se você vê uma pessoa condenada à morte ou em dificuldade semelhante e você não abrir a boca , quando conhece meios e formas de intervir, você a MATOU.E não adianta alegar que você não teve como ajudar, nem recurso nem meio disponível,porque você a privou do amor e do beneficio pela qual ela teria continuado a viver.”

8. “É cabível que Deus chame de assassinos todos aqueles que NÃO AJUDAM aos necessitados e no risco para a saúde e a vida. Ele proferirá uma sentença terrível para tais pessoas no dia do juízo final, como o próprio Cristo anuncia em MT. 25 v.31 a 46 (ler o texto). Nesse texto que acabamos de ler Lutero faz a seguinte leitura: Jesus nos diz que o teríamos deixado morrer de fome, frio, teríamos deixado as feras selvagens o devorar ou o teríamos deixar apodrecer na cadeia. Isso é o mesmo que nos chamar de assassinos e monstros. Mesmo que não tenhamos cometido o ato, deixamos a pessoa em desgraça, morrendo, quando dependesse de nós evitar. Por isso a intenção de Deus, a rigor, é que não deixemos ninguém sofrer algum mal, mas que, pelo contrario, só lhe façamos bem, e com amor. Como já foi dito, essa questão, na verdade, trata dos nossos inimigos. Pois fazer o bem aos nossos amigos é uma virtude pagã, que nada tem de especial, como diz Cristo em Mateus 5.46 (Se vocês amam somente aqueles que o amam,porque esperam que Deus lhes de alguma recompensa?Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam!).

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Marcos Carneiro, em 13/06/2017

Petrópolis/RJ