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UM TESTEMUNHO

 

Cresci como católico romano influenciado pelas pastorais sociais ligadas à Teologia da Libertação e, consequentemente, vivenciando a fé cristã numa perspectiva progressista que muitas vezes conflitava com a ortodoxia bíblica. Participei do Movimento Fé e Política de minha cidade, um braço do PT na Igreja católica romana. 

Aos 27 anos, quando deixei o catolicismo, busquei igrejas evangélicas que, naturalmente, se adequassem ao meu pensamento e não aos princípios bíblicos. 

 

Primeiramente busquei uma denominação fortemente influenciada pelas chamadas Teologia da Esperança e Teologia da Missão Integral. Mesmo reconhecendo sérios problemas na comunidade local, onde parecia que tudo era permitido e, por isso, me sentindo fora da Igreja, mesmo congregando numa que assim se auto-declarava, eu insisti relutantemente com minha orientação ideológica progressista que, por fim, venceu, me levando a outra comunidade (de outra denominação) também alinhada ao pensamento de esquerda. 

 

Lá, nesta segunda igreja, tomei conhecimento da chamada Teologia Liberal. Me senti bastante à vontade e me simpatizei com o arcabouço intelectual do liberalismo teológico e seu relativismo. Vivi uma fé estranha que não acreditava na ressurreição de Cristo (muito menos na dos homens), nem obviamente na sua segunda vinda, no juízo final e na vida eterna. 

 

Nessa igreja (como na outra), a palavra pecado, arrependimento, salvação, piedade e outros termos tão comuns nas Escrituras eram totalmente evitados como coisas ultrapassadas de um cristianismo arcaico, supersticioso e opressor. Céu e inferno eram motivos de piadas e risos.

 

Mas inúmeras decepções foram me cercando. Vi muita coisa errada. Experimentei o pecado sem arrependimento, em meio a sermões filosóficos, onde Nietzsche e Spinoza ocupavam o lugar de Cristo. Percebi a proximidade entre as decepções da primeira igreja (progressista) e as da segunda igreja (liberal). Conectei a ligação entre o pensamento de esquerda e o liberalismo teológico. Passei por uma profunda crise de fé (fé que objetivamente eu não tinha) ao mesmo tempo em que, no plano político ideológico, me decepcionava com a esquerda no país, especialmente com as mazelas do petismo.

Comecei, antes da mudança teológica, a ler clássicos do pensamento liberal e conservador e, enfim,  reconheci as contradições e equívocos das ideologias e governos de esquerda como um todo, não só no Brasil, mas em qualquer parte do mundo.

Num segundo momento, senti em meu coração todo o vazio que não podia ser preenchido por uma fé que era superficial e anti-bíblica, que tinha Jesus Cristo como modelo revolucionário a ser seguido, mas sem divindade. 

 

A ideia ortodoxa de que o Deus verdadeiro se encarnou para morrer por mim, apagando meus pecados por sua morte na cruz, algo até então tão primitivo, se mostrou sobrenaturalmente relevante, absolutamente fundamental. Eu estava me convertendo à fé bíblica, católica, ortodoxa e apostólica dos cristãos de todas as épocas e lugares. 

Compreendi a Lei de Deus e a realidade do pecado, da condenação e da morte, assim como o Evangelho da Graça, que nos concede, pela fé viva em Jesus Cristo, o perdão dos pecados, a salvação e a vida eterna.  

 

Compreendi pela luz graciosa e poderosa do Espírito Santo essas realidades eternas e celestiais que a carne jamais conceberia imaginar.

Tantos conceitos que pareciam arcaicos e ultrapassados fizeram sentido. Percebi que o projeto de salvação do único e verdadeiro Deus Eterno e Vivo não era um projeto político, social e histórico (passageiro), mas espiritual, sobrenatural e eterno (e também real e verdadeiro, que o Espírito Santo nos convence e nos sela como herdeiros da Vida).

 

Pecado, salvação, ressurreição, vida eterna. Tudo isso se abriu de forma maravilhosa e grandiosa para mim. Deixava para traz um falso cristianismo, em que teólogos eram meros filósofos ou antropólogos, pastores eram meros ativistas sociais ou terapeutas motivacionais, e igrejas eram ONGs ou clubes sociais de amigos.

 

Conheci, enfim, a Igreja de Jesus Cristo (livre das amarras das ideologias políticas e da teologia liberal, dois lados da mesma moeda), a verdadeira Igreja proclamadora das verdades eternas, que anuncia o Evangelho, a salvação eterna aos homens, através da graça, mediante a fé em nosso Senhor. Foi para mim o novo nascimento, a compreensão e revivificação do meu batismo, a minha entrada, enfim, na plena e viva comunhão dos santos.

Antônio Márcio Cunha

Belo Horizonte/MG

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