
SOBRE O RECONHECIMENTO DE CURSO TEOLÓGICO PELO MEC.
(Vejam as razões pelas quais nossas faculdades de teologia não formam mais pastores, missionários, e sim profissionais da teologia, onde não há mais lugar para a fé).
Podemos afirmar que há pastores sinodais que apoiam a revogação dessa norma legal. Nós também estamos de pleno acordo. Ministério não é profissão, é sacerdócio, missão.
"Pelos ossos do ofício, retorno ao tema das faculdades teológicas reconhecidas pelo MEC. Para a integridade espiritual e o bem doutrinário das igrejas, um vespeiro que precisa ser mexido. Este é um assunto, aliás, que abordo mesmo que superficialmente em minha tese inacabada de doutorado.
Quando se propôs o reconhecimento dos cursos de teologia, conforme acordado à época com o MEC do governo FHC, pensou-se em um modelo que permitisse o ensino teológico com plena liberdade confessional:
"De fato, o estabelecimento de um currículo mínimo ou de diretrizes curriculares oficiais nacionais pode constituir uma ingerência do Estado em questões de fé e ferir o princípio da separação entre Igreja e Estado." (Parecer n° CES 241/99, MEC, 15/3/1999)
Mais adiante, porém, dezessete anos depois, já no governo de Michel Temer, houve uma mudança substancial:
"A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Teologia, bacharelado, que deverão ser observadas pelas Instituições de Educação Superior em sua organização curricular." (Art. 1° da Resolução n° 4, de 16 de setembro de 2016, Ministério da Educação)
Assim sendo, as faculdades teológicas se veem obrigadas a seguirem as orientações curriculares do MEC. Desde então, empurra-se goela abaixo delas temas bastante caros ao globalismo e ao progressismo. Com isso, diminui-se o espaço para o estudo bíblico de fato, a devocionalidade e a prática confessional. Ganha importância, isto sim, a teologia científica ou teologia crítica, como queiram, com a criação e o desenvolvimento de uma lista interminável de temas, para os quais se criam novas teologias: feminismo, política racial, combate ao fundamentalismo religioso, teorias de gênero, políticas de sustentabilidade do planeta, mudanças climáticas, movimento ecológico, desenvolvimento humano e social, diversidade identitária, ecumenismo, inter-religiosidade, etc. É importante ressaltar que todo esse empreendimento curricular é trabalhado em conformidade com as perspectivas e os pressupostos teóricos da Agenda 2030.
A imposição governamental desses temas aos cursos de teologia não é à-toa: paralelamente à formação teológica, pretende-se formar também uma mentalidade humanista, secularista e universalista nos estudantes de teologia.
É ou não é ingerência na religião? E os resultados já aparecem. O desenvolvimento desses conteúdos pode ser facilmente constatado através do acompanhamento das produções e publicações acadêmico-teologicas (artigos, monografias, dissertações, teses, revistas, cursos, seminários, simpósios e livros)
Além do mais, diferentemente dos bons e velhos seminários e institutos bíblicos, para dar conta das diretrizes curriculares do MEC, o objetivo da formação teológica mudou de ministerial para profissional.
Essa pressão exercida de fora para dentro, tem feito com que algumas (eu disse algumas) faculdades teológicas se distanciem da ortodoxia bíblica e da própria denominação, vindo em direção ao secularismo teológico.
Imagino que deve ser por precaução quanto a esses riscos que a Igreja Católica Romana e a Igreja Presbiteriana do Brasil, embora tenham universidades, quando tratam da formação dos seus cleros, dispensam o reconhecimento oficial para não abrirem mão da confessionalidade.
Portanto, antes que essa contaminação se generalize, levando o fermento da secularização aos púlpitos e às próprias igrejas, defendo a revogação dos dispositivos legais no âmbito do MEC, que determinam diretrizes curriculares para as faculdades de teologia. E que se faça voltar à proposta inicial constante no parecer de 1999 que recusava a determinação de diretrizes curriculares para faculdades de teologia alegando ingerência do Estado na religião.
Exigir, cobrar e fiscalizar a existência de rigor acadêmico em curso teológico reconhecido é uma coisa; determinar temas e currículo é outra.
Antes que algumas denominações percam o controle e mesmo a influência sobre essas instituições, em função do princípio da liberdade de cátedra e da autonomia universitária.
Antes que a estabilidade contratual e o corporativismo possibilitem o surgimento de uma poderosa e influente casta de reis e príncipes docentes da teologia crítica, orgulhosos, arrogantes, vaidosos, intocáveis, imexíveis, difíceis de serem removidos ou substituídos em caso de mudanças de rumo…
Termino dizendo que, ao longo dos anos, não faço sozinho essa indigesta advertência (Porque alguns acham-na inoportuna. Eu sei. ). Muitos outros irmãos, em maior ou menor medida, concordando no todo ou em parte, vêm fazendo o mesmo alerta. Dentre eles destaco o professor Antonio Carlos Junior, da UFJF, pastor Claudionor de Andrade e também o pastor Altair Germano, do Pernambuco. Aliás, este meu texto de hoje é inspirado numa postagem que ele fez ontem no facebook.
Que o Senhor nos abençoe.
Prof. Orley.
Só Deus sabe as mudanças que haverão no mundo com a entrada em vigor dessa "Agenda 2030". Que Deus tenha misericórdia de nós. O que nos conforta é lembrar que as portas do inferno não poderão prevalecer contra a Igreja do Senhor.