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AS HERESIAS DA IGREJA MODERNA

 

- Gnósticos - 

- Porque Não Pode Haver Ecumenismo Entre Cristãos e Espíritas?

Você já deve ter ouvido falar de reencarnação ou de nirvana. Essas são crenças seguidas por espíritas, budistas e umbandistas. Essas religiões se tornaram bem populares no Brasil e, em algumas regiões, é possível encontrar inúmeros centros espíritas e templos budistas. Recentemente temos visto muitos atos “ecumênicos” envolvendo pastores luteranos e líderes umbandistas. Mas, qual é o problema dessas crenças? Afinal, a ressurreição não é uma espécie de reencarnação?

filósofo Platão, por volta de 380 a.C., em sua obra “A República”, em um diálogo entre os personagens Sócrates e Glauco, desenvolve o “Mito da Caverna”. Nesta obra, Sócrates fala para Glauco imaginar uma caverna, onde prisioneiros vivessem desde a infância com as mãos amarradas, de forma que eles apenas pudessem avistar as sombras que são projetadas na parede situada à frente.

As sombras são ocasionadas por uma fogueira, situada na parte traseira da parede em que os homens estão presos. Pessoas passam pela fogueira, fazem gestos e passam objetos, formando sombras de maneira distorcida. Esse é todo o conhecimento que os prisioneiros tinham do mundo. Aquela parede da caverna, aquelas sombras e os ecos dos sons que as pessoas de cima produziam , era o mundo restrito dos prisioneiros.

Repentinamente, um dos prisioneiros foi liberto. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira projetando as sombras que ele julgava serem a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele tem um susto, ao deparar-se com o mundo exterior. A luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado, desconfortável, deslocado.

Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava serem a realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da realidade.

prisioneiro liberto poderia fazer duas coisas: retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a sua liberdade. Uma possível consequência da primeira possibilidade, seria os ataques que sofreria de seus companheiros, que o julgariam como louco, mas poderia ser uma atitude necessária, por ser a coisa mais justa a se fazer.

Os prisioneiros da caverna são os homens comuns, ou seja: somos nós mesmos, que vivemos em nosso mundo limitado, presos em nossas crenças costumeiras. A caverna é o nosso corpo e os nossos sentidos, fonte de um conhecimento que, segundo Platão, é errôneo e enganoso. As sombras na parede e os ecos na caverna - sombras e ecos nunca são projetados exatamente do modo como os objetos que os ocasionam são - portanto, as sombras são distorções das imagens e os ecos são distorções sonoras. Por isso, esses elementos simbolizam as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro. Sair da caverna significa buscar o conhecimento verdadeiro e a luz, que ofusca a visão do prisioneiro liberto e o coloca em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia.

O “Mito da Caverna” poderia facilmente ser uma boa alegoria para explicar a conversão e o novo nascer do homem para a verdade do Evangelho. Porém, para Platão, 380 anos antes de Cristo, significava o despertar para o “Mundo das Ideias”, que seria superior ao “Mundo dos Sentidos”.

que Platão queria dizer é que os sentidos captados pelo nosso corpo material, nos enganam. A realidade é infinitamente superior àquilo que nossos sentidos podem captar, o que não deixa de estar errado, visto que até mesmo Paulo disse em 1 Coríntios 13. 12 : “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.”

Para os gnósticos, porém, este mito explica ainda mais sobre a espiritualidade e o mundo material. Eles acreditavam que o corpo físico não passa de uma prisão para a alma. Segundo eles, o verdadeiro criador do universo fez o mundo espiritual perfeito e sem maldade, mas um deus inferior, com inveja da perfeição do verdadeiro criador, aprisionou as almas em corpos físicos para que nós, os homens, não pudéssemos acessar a pureza e a superioridade do mundo espiritual. O corpo, o mundo material, não passa de uma prisão para a alma, que a impede de ver a realidade do mundo superior. Para eles, o Deus da bíblia é este Deus inferior que criou o mundo material e nos aprisionou em corpos inferiores e impuros em que toda a maldade, violência, injustiça provém justamente daquilo que é material. Mas o que é espiritual, permanece puro e intocável. Restando ao homem fazer o possível para libertar-se das amarras físicas e aproximar-se ao máximo da “gnose”, o conhecimento oculto e superior não alcançado pelos homens de espiritualidade fraca, presos a suas vidas materiais.

O problema dos gnósticos reside justamente na negação da realidade material. Enquanto os liberais e materialistas descartaram tudo que há de transcendental e espiritual, os gnósticos partiram para o oposto. Por isso, eles entendem que o verdadeiro e puro Deus não pode ser o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus da Aliança, o Deus da criação material. Para eles, o verdadeiro e puro Deus é aquele que deseja libertar os homens das amarras físicas e restaurar e pureza do mundo superior. Por isso, os gnósticos negam que Jesus tenha nascido verdadeiramente como homem. Para eles, Cristo era apenas espírito e seu corpo não passava de uma prisão, ou então a visão física de Jesus como homem fosse apenas uma projeção espiritual perceptível a olhos materiais. Mas, o verdadeiro Cristo não pode ter sido verdadeiramente homem e, portanto, não pode ter morrido na cruz.

Os gnósticos defendem que Cristo não nasceu realmente de Maria. Mas, seu espírito encarnou no corpo de Jesus após o nascimento e, antes da morte, deixou novamente seu corpo. Fato é que negam a morte de Cristo. Acreditam que alma e espírito são superiores e, portanto, eternos, restando apenas ao corpo morrer por ser de natureza inferior. E é justamente por isso que devem ser considerados hereges. Os gnósticos, espíritas e budistas creem que cada alma é eterna e passa por várias reencarnações, afim de aprimorar a si mesmo e chegar à iluminação, gnose ou nirvana. Para ambos, o aprimoramento do ser depende simplesmente do conhecimento oculto. De algo que depende apenas de si mesmo e não de um Redentor. Por isso, negar o nascimento e morte de Cristo, tanto espiritual, quanto em corpo, é negar seu sacrifício. Se Cristo não morreu, não houve ressurreição e não houve redenção de pecados.

Ressurreição e reencarnação não são a mesma coisa. Ressurreição pressupõe nascimento físico e espiritual e morte. Para o cristianismo, a alma é criada no momento da concepção e não pré-existente ou eterna. Somente Cristo é eterno, mas ele se tornou homem fisicamente e espiritualmente. Cristo não é um espírito que encarnou em um homem. É Deus que se tornou homem para viver entre nós, ainda como Deus mas, também, como homem. É por isso que Cristo não pode ser somente espírito e nem somente homem, nem parte espírito e parte homem, mas ao mesmo tempo totalmente espírito e totalmente homem. E, quando morreu, morreu verdadeiramente e não apenas desencarnou do homem, mas ressuscitou tanto em corpo quanto em espírito. Isso fica evidente no relato de João 20, 24 – 29: "Quanto Jesus mostra as feridas a Tomé e este as toca constatando que se trata do próprio Jesus."

Outros textos bíblicos também refutam a reencarnação cabalmente. Como em Hebreus 9.27: “Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo.”

Foi por causa dos gnósticos que a Igreja Antiga reuniu o Concílio da Calcedônia em 451 onde as discusões levaram à formulação do Credo Calcenoniano:

                                            “Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos

                                             que se  deve  confessar  um  só  e  mesmo  Filho,   nosso  Senhor  Jesus

                                             Cristo,  perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; 

                                             verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma 

                                             racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e 

                                             consubstancial  a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a 

                                             nós,  excetuando  o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes 

                                             de  todos  os  séculos,  e  nestes  últimos  dias, segundo a humanidade,

                                             por  nós   e   para   nossa  salvação,  nascido da Virgem Maria, mãe de

                                             Deus;  um  e  só  mesmo  Cristo,  Filho,  Senhor,  Unigênito, que se deve

                                             confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis,

                                             inseparáveis;  a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela

                                             união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorren-

                                             do  para  formar  uma só pessoa e em uma subsistência; não separado

                                             nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho,  o  Unigê-

                                             nito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde

                                             o  princípio  acerca  dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos

                                             ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.”

O Credo Calcedoniano é parte do Livro de Concórdia onde estão reunidos todos os escritos confessionais, textos que corroboram aquilo que cremos como cristãos e luteranos. Infelizmente este credo raramente é lembrado em nossas comunidades. Muitos de nossos pastores nem se quer ouviram falar dele. E é por isso que facilmente nossos líderes e membros caem no erro de aceitarem praticar “ecumenismo” com seitas gnósticas como espíritas, umbandistas e budistas.

Ecumenismo com essas seitas é impossível.

Ecumenismo só pode acontecer entre cristãos legítimos que sustentam a mesma fé, no mesmo Cristo.

O Cristo que em que eles creem não se trata do mesmo Cristo que nós cremos.

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