
A ÉTICA CRISTÃ E O ABORTO
A Bíblia Sagrada é clara quanto ao "não matarás" (Ex, 20.13), e geralmente, a sociedade discute o aborto do ponto de vista das vantagens ou desvantagens da mãe, o que pode até variar segundo o caso. Mas quando a questão é o bebê, o ser humano que ela carrega, não há o que discutir. É uma vida, é um ser humano criado à imagem de Deus (Gn, 1.27), é um ser humano que será tão ser humano quanto qualquer um.
O detalhe é que ainda está em fase embrionária, mas isso não invalida o fato de ser uma pessoa. Um bebê não é menos ser humano do que um adulto, e um embrião não é menos ser humano do que um bebê. Se as pessoas pró-aborto vissem um rosto talvez mudassem de ideia.
Um dos argumentos é que a mãe pode abortar se for constatado que a criança é portadora de alguma deficiência grave. Pouca gente liga a questão do aborto com a questão da inclusão dos portadores de deficiência na sociedade. Mas será que não é contraditório aceitar uma coisa independente da outra?
A discriminação enquanto está no útero parece não ser um crime tão grave na sociedade quanto a discriminação depois que a criança sai do útero. Como alguém que não quer um filho porque terá deficiências no futuro pode dizer que apoia a inclusão de deficientes na sociedade se excluiu o seu filho? Neste aspecto o aborto é tão politicamente incorreto quanto discriminar um deficiente.
O detalhe é que qualquer pessoa que nasceu fisicamente perfeita poderá desenvolver alguma deficiência em caso de doença ou acidente. Não seria irônico alguém que um dia descartou seu filho por ser deficiente acabar sendo um deficiente? Poderíamos nós descartar os portadores de deficiência já nascidos ou crescidos, como Hitler tentou fazer? Hoje isso é feito com os que ainda não nasceram, mas já foram gerados.
Não estou falando aqui do aborto feito para salvar a vida da mãe, ou o parto feito às custas da vida da mãe para salvar a vida do bebê. Muitos médicos já tiveram que passar pela decisão de quem deviam deixar viver e quem deviam deixar morrer. Quando você tem apenas um coração de um doador e duas pessoas em estado crítico esperando, terá de decidir quem vive e quem morre. Há abortos aprovados pelas leis de alguns países, como em caso de estupro. Enquanto o estupro faz uma vítima inocente — a mãe — o aborto faz outra vítima inocente — a criança. No início tínhamos apenas uma vítima, depois temos duas. A criança é tão inocente quanto a mãe. Matar a criança é penalizar a pessoa errada, no caso, do estupro. Porque o culpado não é a criança, mas sim o estuprador.
Se eu fosse você não seria tão rápido em discordar do que estou dizendo antes de estudar direitinho sua árvore genealógica. Talvez você nem estaria aqui para discordar se alguém de sua família fosse favorável ao aborto em caso de estupro.
Quantas pessoas vieram ao mundo e nem sabem que foram geradas por estupro? Apenas nos Estados Unidos, a cada dois minutos uma mulher é estuprada. Em Ruanda, durante a guerra, meio milhão de mulheres foram vítimas de estupro. Calcula-se que nas zonas de guerra 5% a 8% das crianças que nascem são originadas de estupros. O que teria acontecido se elas tivessem sido privadas de nascer e você fosse descendente de uma delas?
Considerando que todos temos atrás de nós uma enorme árvore genealógica, qual de nós pode afirmar com certeza que não é descendente de um estuprador? Se uma ancestral minha ou sua estivesse em um navio abordado por piratas há alguns séculos eu e você seríamos descendente de um estuprador. Considerando que não eram só piratas que faziam isso, mas em todas as civilizações, em todas as épocas isso acontecia com frequência, é difícil dizer quem é descendente de um estupro e quem não é.
Por exemplo, os judeus originais são morenos e com olhos escuros como qualquer habitante nativo do Oriente Médio, e considerando que sua religião (dos judeus — Judaísmo) não aprova o casamento com outras etnias, os judeus ruivos ou louros de olhos claros e pele branca que você já viu provavelmente ganharam sangue bárbaro nas invasões de suas comunidades e rapto de suas donzelas judias. Detalhe: alguém é considerado judeu se for descendente de mãe judia. Esse detalhe até ajudou a "preservar" a linhagem.
Curiosamente, talvez até mesmo entre os defensores e promotores do aborto em caso de estupro existam judeus e judias por aí carregando cartazes e gritando palavras de ordem em manifestações públicas sem saber que nem teriam nascido se não fosse por um estupro ocorrido séculos atrás. Se você é judeu ou judia olhe-se bem no espelho antes de sair na próxima manifestação.
Mas se depois de se olhar no espelho você achar que deve sim mandar matar os bebês filhos de estupradores, então provavelmente você tem um problema de descontentamento com a própria existência e deseja descontar isso na existência daqueles que estão ainda na linha de partida.
Tem muita gente que lida muito bem com o fato de ser filho ou filha de um estuprador. Rebecca Kiessling não apenas é filha de um estuprador, como é contra o aborto em caso de estupro. E como poderia ser diferente? Se a mãe dela, estuprada com uma faca encostada no corpo, decidisse não seguir adiante com a gravidez ela não teria nascido.
Veja o que ela escreve em seu site:
"Todos nós já ouvimos alguém dizer: 'Sou contra o aborto exceto em casos de estupro...' ou 'A mãe deve decidir, principalmente em casos de estupro...' Você já chegou a considerar o insulto que é dizer a alguém 'Acho que sua mãe devia ter abortado você'? É como dizer 'Por mim você estaria morta'. E é isso que ouço todas as vezes que alguém diz que é a favor do aborto em caso de estupro, porque eu sou uma que teria sido abortada se a lei do estado de Michigan permitisse o aborto quando eu ainda era um feto. Posso garantir a você que ouvir essas coisas me faz mal. Mas eu sei que a maioria das pessoas nunca pensam em um ser humano real quando tratam da questão do aborto. Elas falam do aborto como se não passasse de um conceito. Dão sua opinião, deixam o assunto de lado e logo se esqueceram. Eu realmente espero que, por ter sido gerada de um estupro, eu possa ajudar a dar um rosto e uma voz à questão do aborto."
Rebecca Kiessling
O Dr. Bernard N. Nathanson, médico ginecologista americano que chegou a ser conhecido pela alcunha de o "Rei do Aborto" por seu papel desempenhado na legalização do aborto nos Estados Unidos. Ajudou a criar a Liga Nacional de Ação pelo Direito ao Aborto (NARAL). E, na iminência da aprovação da lei, fundou o Centro de Saúde Reprodutiva e Sexual em Nova York, onde coordenava a equipe e ele mesmo realizava abortos. Esta clínica era a maior de Nova York e a mais ativa. Em seguida, criou o departamento de Fetologia no Hospital São Lucas, onde foi nomeado diretor do serviço de obstetrícia.
O Dr. Bernard N. Nathanson chegou a afirmar ter feito pessoalmente mais de cinco mil abortos. Até que surgiu a ultrassonografia. O aparelho de ultrassom foi a peça decisiva na mudança de vida do médico que, de maior pró-aborto americano, passou a ativista pró-vida e ícone deste movimento. O documentário "O Grito Silencioso" foi produzido em 1984 pelo próprio Dr. Bernard N. Nathanson, retrata de maneira inequívoca o que o Dr. Bernard N. Nathanson enxergou no útero de sua paciente que o fez mudar radicalmente de opinião.
A mensagem que o documentário "O Grito silencioso" transmite é tão forte e profunda que houve muitos casos de ferrenhos pró-aborto que mudaram radicalmente de opinião após assisti-lo, o Dr. Bernard N. Nathanson foi apenas um deles. O documentário também é uma importante ferramenta para impedir que novas vidas sejam ceifadas ainda no ventre materno.
Veja o que o Dr. Bernard N. Nathanson disse em seu documentário "O Grito Silencioso":
"Como veem, acho que entendo um pouco sobre aborto. Fui um dos fundadores da NARAL, em 1969, que é agora a Liga Nacional pelo Direito ao Aborto. E, por um período de dois anos, fui o diretor da maior clínica de aborto do mundo ocidental. A partir dessa época, passamos a ter uma ciência chamada Fetologia, que nos permite o estudo do feto humano, todo esse conhecimento concluiu sem exceção que o feto é um ser humano igual a qualquer um de nós. E parte integral da comunidade humana. Agora, a destruição de uma vida humana não é solução para aquilo que é basicamente um problema social e acredito que recorrer a essa violência é admitir que a ciência e, pior ainda, a ética estão empobrecendo. Eu me recuso a acreditar que a humanidade – que chegou até a Lua – não possa criar uma solução melhor do que recorrer à violência. Devemos todos nós, aqui e agora, dedicar todos os nossos esforços para achar uma melhor solução. Uma solução composta de amor e compaixão, e um decente respeito pela inegável prioridade da vida humana. Vamos todos, pelo bem da humanidade, aqui e agora, parar esse genocídio."
Dr. Bernard N. Nathanson)
Quando alguém tem um ódio mortal contra uma pessoa, deseja matá-la. Mas, e se não puder matá-la? Fixa a sua imagem na parede e arremessa dardos contra ela. Os dardos não ferem a pessoa, mas pelo menos atingem a sua imagem. O Diabo tem um ódio mortal contra Deus. Seu desejo supremo é matá-lo. Mas "Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus." (Salmos, 90.2). Na impossibilidade de matar a Deus, pois Deus é Eterno, o Diabo investe contra a imagem de Deus.
Qual é a imagem de Deus? O homem, conforme está escrito: "Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." (Gênesis, 1.27). Por isso, o Diabo é "homicida desde o princípio" (Jo, 8.44). Pois, deseja destruir aqueles que são à imagem de Deus. Mas, entre os homens, quais aqueles que refletem com maior esplendor a imagem de Deus? Sem dúvida, os pequeninos (cf. Mt, 19.13-15; Mc, 10.13-16; Lc, 18.15-17).
Por isso, o desejo homicida do Diabo dirige-se principalmente contra os pequeninos. Sua ira contra os bebês aparece nas Sagradas Escrituras, por exemplo, quando o Faraó do Egito ordenou às parteiras, e depois a todo o povo, que jogasse ao rio Nilo todo menino que nascesse, poupando apenas as meninas (Ex, 1.15-22). Aparece também quando o rei Herodes, na tentativa de matar o menino Jesus, mandou matar em Belém e arredores todos os meninos de dois anos para baixo (Mt, 2.16).
Não nos enganemos. A busca frenética por implantar o aborto em nosso país pode ter vários motivos: permitir que as potências estrangeiras exerçam sobre nós o controle demográfico — e, portanto, a dominação política — impedindo que no Brasil nasçam brasileiros; beneficiar as clínicas de aborto, que anseiam por praticar seu lucrativo negócio sem a proibição da lei; favorecer o hedonismo e a permissividade sexual. Mas, por trás de tudo está "o deus deste século" (2 Co, 4.4), este é, o Diabo.
Nossa luta contra o aborto é, portanto, sobretudo uma luta espiritual. "Porque nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes." (Efésios, 6.12).
Espero sinceramente não ter desperdiçado meu tempo escrevendo esse texto. Esse tema é bastante complexo e recorrentemente debatido dentro e fora da cristandade. Eu quis deixar claro qual é o testemunho das Escrituras Sagradas sobre o assunto. Não existe seguidores de Cristo que defendem o aborto. Existem pessoas pró-aborto que se dizem seguidoras de Cristo. A diferença entre um e outro é que o primeiro nasceu de novo (leia João 3), já o segundo é "filho do Diabo" (Jo, 8.44) que segundo a Bíblia Sagrada é "homicida desde o princípio" e "o deus deste século" (Jo, 8.44; 2 Co, 4.4).
Thiago Machado